Sociedade

Campanha #EuDenuncioAbusoInfantil

No mês de Outubro (mês em que comemoramos o Dia das Crianças) o CRAMI – Centro Regional de Atenção aos Maus Tratos na Infância do ABCD (que atua em Santo André, São Bernardo do Campo e Diadema) lançou a campanha ‘Todos Pela Proteção’.
Campanha #EuDenuncioAbusoInfantil
Com apoio da Fundação Salvador Arena e imagens impactantes, a ação visa conscientizar a sociedade sobre a importância de denunciar casos de violência contra crianças e adolescentes, a fim de evitar que tais situações se transformem em tragédias.
“Criamos esta ação porque agredir uma criança é um ato de covardia e é preciso encorajarmos as pessoas a denunciar os agressores”, ressalta Thelma Armidoro Velasco, psicóloga e assistente técnica do Centro. De acordo com ela, 90% dos casos de violência praticada contra crianças e adolescentes não são denunciados, e isso ocorre porque os casos acabam sendo encobertos pelos próprios familiares.
“São casos de negligência e violência sexual, física e psicológica que não chegam ao conhecimento das autoridades e esses números podem ser ainda maiores”, revela Thelma. Para se ter idéia, durante o mês de agosto, o CRAMI atendeu 466 casos, sendo 133 de violência sexual, 186 física; 104 de negligência e 43 de violência psicológica. “Este último é um dos mais velados em razão do seu reconhecimento ser mais difícil, haja vista que envolve humilhações, ameaças e rejeição”. Outro dado importante diz respeito aos agressores. Nos últimos seis anos, constatou-se que nas violência física e negligência, em sua maioria o autor é a mãe, sendo 51% nos casos de violência física e 71% nos casos de negligência. Já o autor de violência psicológica aparece de forma equilibrada – sendo 42% a mãe e 41% o pai, ambos na faixa etária de 35 a 45 anos.
Com 27 anos de atuação e mais de 344 mil atendimentos em forma de intervenções domiciliares, orientações, oficinas e psicoterapias individuais e em grupo, o CRAMI também derruba o mito de que o padrasto é quem mais abusa sexualmente da criança e do adolescente. “Nossos dados estatísticos apontam que a maioria dos autores de abuso sexual identificados é o pai biológico com 31% dos casos contra 15% cometidos pelo padrasto. Os demais casos estão distribuídos entre outros parentes, desconhecidos e sem informação. O fato do pai biológico aparecer como quem mais abusa sexualmente de crianças e adolescentes retrata uma realidade que não se restringe à região do Grande ABC, mas em todo Brasil e no mundo”, explica a psicóloga Thelma Velasco. A profissional ainda lembra que segundo o Mapa da Violência, do Ministério da Saúde, de 2002 a 2012 houve um acréscimo de 40% da taxa de suicídio entre crianças e pré-adolescentes com idade entre 10 e 14 anos. Na faixa etária de 15 a 19 anos, o aumento foi de 33,5%. No caso de crianças, são estimadas 300 tentativas para um suicídio consumado, seja porque usam método pouco letal, seja por dificuldade de acesso a instrumentos. “É preciso prestar atenção a qualquer sinal que a criança ou o adolescente demonstre sobre vontade de tirar a própria vida, seja através de comunicação verbal, seja por apresentar sinais como tristeza prolongada e outros comportamentos sugestivos”.

O CRAMI foi criado há 27 anos por um grupo de profissionais, empresários e pessoas da sociedade civil que compartilhavam de uma preocupação em comum que era a questão dos maus tratos na infância, espelhando-se num serviço já existente em Campinas.

Hoje, a ONG conta com profissionais que atendem de forma especializada, crianças, adolescentes e familiares envolvidos em situações de violência doméstica, dos municípios de Santo André, Diadema e São Bernardo do Campo, além de desenvolverem ações preventivas por meio de palestras, seminários, cursos, fóruns e atividades diversas que buscam romper o ciclo da violência. Desde sua fundação já foram atendidas cerca de 8 mil famílias, gerando mais de 344 mil atendimentos em forma de intervenções domiciliares, orientações, oficinas, psicoterapias individuais e em grupo. Mais de 50.950 pessoas passaram pelos seus programas de prevenção. As denúncias podem ser feitas de forma anônima, discando 100.

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